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Tema: Artigos
sobre o abuso psicológico com as mulheres
do site somos todos um
Mais de Sequestradores de almas e de suas empreitadas
Mais de Sequestradores de almas e de suas empreitadas
:: Silvia Malamud ::
Sequestradores de almas costumam ter um arsenal de estratégias que visam manter o outro imantado e subjugado às suas próprias leis. Aplicam suas condutas com tal maestria de sedução e de culpa, que as vítimas, em meio às suas piores agonias, permanecem atadas à essa terrível trama como se estivessem presas a algum feitiço imortal. Nesta difícil e improvável missão de satisfazer as mais profundas carências deste tipo abusivo de sequestrador, ficam sempre tentando acertar, buscando a confirmação afetiva.
Amarradas nesta ilusão, por mais que desejem se ver livres deste sofrimento, enquanto não se trabalharem internamente, sempre serão vítimas das mais infundadas e também das mais articuladas e perversas manipulações. Com a mente confusa, a ponto de duvidarem da própria percepção, minada com o tempo de convívio, têm a impressão de que jamais conseguirão sair desta teia.
O que as mantêm no cárcere?
As vítimas sentem que precisam ser validadas em seu amor e, por conta dessa carência, ficam aprisionadas na tentativa de acertar as cada vez mais difíceis e infundadas cobranças. Sequer suspeitam que os sequestradores jamais se satisfarão. No seu adoecimento, eles têm a incrível capacidade de projetar em suas vítimas o medo de serem rejeitadas, e o pior, habilmente as fazem acreditar de que sem eles, sem o seu pseudo-amor, elas não sobreviverão. Quando a trama é desfeita, o medo da rejeição tende a voltar para os supostos sequestradores que, como conseqüência, podem passar por momentos depressivos se acaso conseguirem entrar em contato com os seus próprios temas, mas também podem nem chegar a entrar em contato e, de imediato, saírem em busca de outras presas. Também podem inferir uma espécie de ódio mortal naquela que desistiu dele e que, portanto, rejeitou-o.
Por terem imensa angústia e medo de serem rejeitados, sequestradores, vítimas de suas próprias tramas emocionais, rejeitam. A contraparte, por sua vez, invariavelmente, transita por profundas carências afetivas e por sentimentos de abandono e desamparo que tiveram suas origens e marcas, muito provavelmente, por volta da primeira infância.
Tais "sequestradores de alma", costumam, portanto, inferir no outro uma constante ameaça de perda e de desamparo e, como o medo da rejeição é a grande ferida não revelada, o outro é quem sofrerá deste possível destino, se acaso permanecer subjugado a eles. Sim, um "amor" totalmente condicional, onde os que estão no lugar dos sequestradores, acabam por desenvolver as suas artimanhas em nome de não perder o outro. Conseguem convencer suas escolhidas, de que estas certamente ficarão péssimas sem as suas companhias e dedicação (lê-se, controle). E que além de se sentirem desamparadas, sofrerão do pior dos males, que é o sentimento de solidão, que neste caso, seria visto como uma espécie de maldição.
Sequestradores de alma, incessantemente, repetem e projetam no outro os seus maiores receios: "Faça o que eu quero, senão te abandono" seria a mensagem subliminar mestra deste tipo de relação. Ainda neste pacote, o quanto mais a presa ficar submetida aos infindáveis tiranos e severos mandatos, mais o sequestrador abusará da mesma, promovendo um verdadeiro inferno a ponto de que se nada for feito frente a isso, fatalmente, esse tipo de relação levará o outro à falência de si mesmo.
A relação vai se tornando cada vez mais punitiva e perversa quando o sequestrador alucina que não é suficientemente bem atendido. Castiga a vítima, isolando-a de seu afeto, dando um gelo, ameaçando que vai embora da relação, não atendendo telefonemas, por exemplo, tudo isso em meio a crises de mágoa e ainda culpando-a por não ter dado suficiente atenção a ele.
E quando a presa está literalmente subjugada, a privação afetiva passa a ser o pior dos mundos e é neste contexto que o sequestrador usufrui o seu gozo sádico. Imaginem ao que a vítima se submete, tudo em meio à culpa, sedução e ameaças.
O sequestrador tem a maestria de fazer o famoso "gaslighting", que é quando a vítima fala ou ele fala algo e depois tudo se esvai e ele ou desqualifica como se não tivesse falado nada, ou como se a vítima não tivesse entendido direito e fala tanto que acaba conseguindo confundir! A sorte é que isso não dura para sempre e a tendência é as pessoas, cedo ou tarde, acordarem!
Tenho observado, porém, que este tipo de relação precisa de reparos emocionais importantes. Para evitar se repetir, para se fortalecer definitivamente, fica a dica de se fazer uma boa terapia. Este tipo de experiência sofrida requer auxílio.
Dificilmente, a pessoa quando está dentro ou mesmo quando sai de um relacionamento desta ordem, sai inteira. Daí a necessidade de apoio terapêutico. Muitas vezes, a família e os amigos não conseguem ter noção do que de verdade acontece neste tipo de situação. Em ocasiões como esta, buscar por ajuda terapêutica vale a sua vida.
Vampiros energéticos e Sequestradores de Alma nos relacionamentos
:: Silvia Malamud ::
"Quem nos faz sentir bem nos envia energia. Pessoas que nos sugam estão literalmente drenando nossa energia, vampiros. Não conseguem e não se permitem sentir as emoções, restringem seu fluxo de energia e ficam enfraquecidos. Quando aparentam sentir é apenas teatro, são verdadeiros mestres na arte da dissimulação. Como necessitam desesperadamente de energia começam a absorver de outras pessoas em meio a sedução sem limites, agressividade, autocompadecimento ou o que seja que desestabilize o outro. Também são os mestres da percepção, sabem por onde podem atacar emocionalmente pontos de fragilidade no outro, até que sem perceber, a vítima recebe a "Mordida fatal" e, a partir disso, "o Sequestro da Alma".
Toda vez que se sentir cansado na presença de alguém, pode ter certeza de que se trata de um vampiro energético; fuja o mais rápido possível e se acaso se ver envolvido nessa situação reorganize forças, peça ajuda e fuja também!
Como perceber Mordida e Sequestro:
Sempre existe uma voz interior nos alertando quando estamos correndo perigo. Se está começando um relacionamento ou já está num relacionamento em que percebe algo minimamente estranho, dê-se espaço para se ouvir e jamais ouse duvidar de si mesmo. Honre o que percebe e, por mais ínfimo que possa parecer, pode ser que já se encontre no início de um encantamento de difícil detecção e discernimento depois da suposta mordida.
Dicas:
Se estiver sob efeito desses vampiros sequestradores, sua alma sequestrada permanecerá intoxicada, como que drogada, num hipnotismo traiçoeiro, onde o processo de ruptura é bastante trabalhoso. Por isso mesmo, livre-se o quanto antes e se estiver em meio a sensações conflitantes que o levam a sentimentos confusos em relação à nova parceria afetiva, distancie-se e observe o que está ocorrendo como se visse tudo num filme. Observe exatamente como se sente, como era antes, como estão suas carências íntimas se "acaso", magicamente, estão sendo nutridas ao mesmo tempo em que nota a simultânea sensação de que há algo de muito errado em tudo isso que está acontecendo com você.
Observe ainda como você funciona normalmente e como fica quando em companhia desta pessoa. Separe o joio do trigo, lembre-se de que apaixonamento é totalmente diferente do que provavelmente sente agora. Não confunda! No apaixonamento, jamais existe ruído algum o alertando de que algo não vai bem.
Quando em companhia do vampiro, observe se começa a se sentir excluída do mundo, mesmo quando transitando nele. Se, desde então, transita por sentimentos constantes de solidão e se estiver deste modo, saiba que isso faz parte do sequestro de alma. Percebe que está sequestrada de sua participação no mundo porque não há energia para trocar com os outros e pior, nem consigo mesmo, posto que a sua energia vital pertence apenas e tão-somente ao Vampiro energético, Sequestrador da sua Alma!
Mais dicas:
Todos os vampiros energéticos falam demais da conta... Preste atenção neste detalhe importante.
Exatamente, todos os vampiros energéticos nunca se encaixam em seu grupo de amigos, algo sempre destoa e muitas vezes essa é uma sensação só sua, que deve ser levada muito a sério. Não se encaixam e automaticamente você também não se encaixa no local e com as pessoas que sempre se deu bem... Você não pode trocar com outros porque sua energia está sequestrada. Você pertence ao sequestrador!
Quando ele fica à vontade com seus amigos, mesmo assim, você fica de fora, não existe espaço no mundo para você, a não ser com ele... E por aí vai...
Importantíssimo:
"Tendo consciência de que está neste tipo de relação, se não tiver sucesso em sua fuga, não vacile e busque ajuda. Sua vida corre perigo real. Drenar energia é muito sério, você não acha?"
Ataques de vampiros energéticos - Parte 2
:: Silvia Malamud ::
Sequestradores de almas em Hipersensíveis e em Não Sensíveis:
Hipersensíveis, na maior parte do tempo, encontram-se no estado entre estarem estressados demais ou deprimidos e desvitalizados. Possuem enormes dificuldades em reconhecer a fronteira entre o próprio eu e o outro. Por conta disso, agem como esponjas emocionais retirando ou misturando-se a todos os sentimentos que estão fazendo mal aos outros e aos ambientes...
Vampiros energéticos, emocionais vêem de longe este padrão de funcionamento como objeto de suas caças farejando e facilmente sintonizando-se na frequência emocional dos mesmos, ou seja, das presas a serem sequestradas. São verdadeiros camaleões camufladores quando sintonizam a frequência energética de seus alvos. Mestres em conseguir transmutar suas variáveis dentro das variáveis de algumas faixas. Portanto, ora tornam-se amantes perfeitos, ora, os doadores de afeto, ora os maiores expoentes em tudo o que fazem, ora os coitadinhos... e por aí vão modulando suas frequências de modo infinito.
Vampiros energéticos, sequestradores de almas funcionam como se tivessem sintonizando algumas frequências e suas sutis variações dentro de um dial de rádio. Neste sentido, é óbvio que muitas das frequências são distantes e outras tantas estes supostos sequestradores jamais conseguem acessar. Não possuem capacidade suficiente para abranger todo tipo de status de consciência-dial-frequência. A sorte é que por mais que façam -e que não é pouco- existem locais de acesso impossíveis para eles.
No decorrer dos textos e séries, falaremos inclusive de estórias pessoais e de como foi a conquista dessas outras faixas de acesso impossível, para estes vampiros sequestradores. Veremos como o estado de proteção que reside em outras frequências em hipótese alguma abrem porta de acesso a esses vampiros.
Como agem os vampiros energéticos, sequestradores de almas:
Partimos do princípio de que absolutamente TODOS os Vampiros, sequestradores de almas, possuem carências emocionais e efetivas muito profundas e jamais acessam por conta da imensa dor e desestabilização que um dia já sentiram. Matam e morrem literalmente em nome de NUNCA mais entrarem em contato com esse lugar de sofrimento. O problema é que não dá para apagar o que não foi reprocessado. Dissociam-se, portanto, da própria dor emocional projetando este eu menos favorecido na vítima escolhida. Nesta dinâmica, ocorre mistura complexa de busca no outro, por alimento e amor somados a sentimentos de ódio, de inveja e menosprezo.
Indiferença emocional, frieza e falta de empatia estão logo abaixo de todo clima que envolve o sequestro. Mais abaixo ainda reside a grande e impensável DOR. Todo este drama que envolve o vampiro sequestrador é camuflado em meio às diversas e habilidosas estratégias de percurso no sequestro e processo de vampirizarão. O problema é que diferentemente da ficção, aqui, a vítima jamais se torna mais um vampiro após a mordida e, pior, se não se libertar cortando laços e mudando radicalmente sua frequência, o prognóstico nunca é dos melhores.
Muitas vezes, a vítima escolhida é repleta de autoestima e muito fortalecida na vida, mas para muitos desses sequestradores a empreitada da caça torna-se ainda mais empolgante. Sabem que todo ser humano possui alguma fresta emocional mal resolvida e por menor e mais escondida que esteja, são os mestres da percepção neste sentido. Inteligentes, direcionam todo tipo de conhecimento que possuem e, se necessário, vão em busca de aprender coisas novas em nome de "adular" o alvo do momento.
Em hipersensíveis, os ataques costumam ser certeiros e mais fáceis por conta do coração aberto e do excesso de empatia que esta categoria humana possui em relação à dor do outro e do mundo. Estes, os hipersensíveis, muitas vezes se deixam enganar no contato com os sequestradores por perceberem um pano de fundo de carência real, apenas não têm a capacidade de perceber que a carência tornou-se vampiresca e totalmente mal direcionada.
Antídoto:
Como antídoto maior, se estiver sentindo fraqueza e desânimo em todas as áreas de sua vida, antes que isso se torne alguma doença ou alguma depressão maior, reorganize-se e ouça a sua voz interior. Busque caminhos eficientes para o autoconhecimento e estabeleça-o como um diferencial em sua vida visando fortalecer a si próprio iluminando e dinamizando recursos positivos que já possui. Aproprie-se de si mesmo, conheça e valide as dimensões do seu próprio eu. Faça-se valer.
Faça terapia, busque ajuda espiritual e absolutamente tudo o que tiver de acesso, sem viajar na " maionese" evitando confundir-se mais ainda... Para o hipersensível, é campo delicado e ao mesmo tempo precioso, por conta da própria sensibilidade a tudo. Para quem não é hipersensível, oportunidade de abrir mais ainda os olhos dinamizando forças para sair dessa, com categoria.
Pagar com a própria vida uma relação cíclica que sempre lhe traz o mesmo desconforto e desvitalização, não comunga com o que significa viver a vida de verdade. Se você concorda, agilize-se o mais rápido possível. Apesar da difícil detecção sobre o assunto, veja que ele já está revelado.
Resgate da Alma Sequestrada
:: Silvia Malamud ::
Depois da consciência emocional exata sobre todos os transtornos causados na vivencia com o sequestrador de almas, vampiro emocional, o melhor a se fazer é o resgate de si mesmo e, por que não dizer, o resgate da alma.
A pergunta que fica, porém, é como e por onde começar a sair da situação agora deflagrada e se acaso, até este momento, o sequestrador ainda não notou que foi desmascarado, tanto melhor para a vítima.
Entender e reprocessar o porquê dos porquês de ter entrado nesse tipo de cilada é assunto para tratamento psicológico de ponta. Sugiro terapias de reprocessamento como EMDR ou Brainspotting, excepcionais nesses casos, atentando sempre buscar profissional gabaritado nessa área, mas que também possua entendimento específico sobre a amplitude que pode envolver o tema do Sequestro de Alma.
A vivência por si só é traumatizante em excesso e pode ser, inclusive, observada como trauma complexo onde não há uma só situação traumática, mas uma experiência complexa de tempo altamente traumatizante.
No período do seu próprio resgate, é interessante a vitima primar em fazer tratado consigo mesma decretando de modo trabalhado e eficiente de que situações como esta JAMAIS poderão fazer parte de sua historia pessoal novamente. Para tanto é importante verificar se o suposto sequestrador, quando a encontrou achou alguma fresta inconsciente de insegurança sobre o seu próprio valor. É por meio deste estreito canal que eles estrategicamente costumam adentrar na vida das pessoas desavisadas, mas não se iluda, infelizmente existem outras obscuras portas de entrada também.
Quando as vítimas estão resgatadas e curadas deste infortúnio em suas vidas, a conhecida frase: "Orai e Vigiai", funciona observando-se o "Orai" sendo campo ativo de contato com a energia vital que se conecta com tudo de bom e automaticamente com tudo o que existe de sagrado e que está na mesma frequência. O "Vigiai" é o estar absolutamente cônscio de quem se é, de arestas emocionais e sempre estar em ação para se autosuperar num constante despertar com os olhos bem abertos e por toda vida.
No caso do resgate, num primeiro momento, é comum as pessoas transitarem
do site Papo de homem
Por que as mulheres não estão loucas
Yashar Ali
por Yashar Ali
em 18/08/2013 às 20:42 | Artigos e ensaios, Melhor do PdH, O Lugar no PdH, Relações, Traduções PdH
Você é tão sensível. Tão emocional. Tão defensiva. Você está exagerando. Calma. Relaxe. Pare de surtar! Você é louca! Eu estava só brincando, você não tem senso de humor? Você é tão dramática. Deixa pra lá de uma vez!
Soa familiar?
Se você é uma mulher, provavelmente sim.
Você alguma vez escuta esse tipo de comentário de seu marido, parceiro, chefe, amigos, colegas ou parentes após expressar frustração, tristeza ou raiva sobre algo que eles disseram ou fizeram?
Quando alguém diz essas coisas a você, não é um exemplo de comportamento sem consideração. Quando seu marido aparece meia hora atrasado para o jantar sem avisar – isso é desconsideração. Uma observação com o propósito de calar você – como, “Relaxa, está exagerando” – logo após você apontar o comportamento ruim de alguém é manipulação emocional, pura e simples.
E é esse o tipo de manipulação emocional que alimenta uma epidemia em nosso país, uma epidemia que define as mulheres como loucas, irracionais, exageradamente sensíveis e confusas. Essa epidemia ajuda a alimentar a ideia de que as menores provocações fazem com que as mulheres libertem suas (loucas) emoções. Isso é falso e injusto. Acho que é hora de separar o comportamento sem consideração de manipulação emocional e começarmos a usar uma palavra fora de nosso vocabulário usual.
Quero introduzir um útil temo para identificar essas reações: “gaslaitear“.
(pequeno adendo do editor: “gaslaitear” foi uma adaptação do termo gaslighting para o português, para facilitar a compreensão do texto)
Gaslaitear é um termo usado com frequência por profissionais da área de saúde mental (não sou um deles) para descrever comportamento manipulador usado para induzir pessoas a pensarem que suas reações são tão insanas que só podem estar malucas.
O termo vem do filme de 1944 da MGM, “Gaslight“, estrelando Ingrid Bergman. O marido de Bergman no filme, interpretado por Charles Boyer, quer tomar sua fortuna. Ele se dá conta de que pode conseguir isso fazendo com que ela seja considerada insana e enviada para uma instituição mental. Para tanto, ele intencionalmente prepara as lâmpadas de gás (no inglês, “gaslights”, vindo daí o nome do filme) de sua casa para ligarem e desligarem alternadamente.
E toda vez que Ingrid reage a isso, ele diz a ela que está vendo coisas.
Nesse contexto, uma pessoa gaslaiteadora é alguém que apresenta informação falsa para alterar a percepção da vítima sobre si mesma.
Hoje, quando o termo é usado, usualmente significa que o perpetrador usou expressões como, “Você é tão estúpida” ou “Ninguém jamais vai te querer” para a vítima.
Essa é uma forma intencional e premeditada de gaslaitear, como as ações do personagem de Charles Boyer no filme Gaslight, no qual ele estrategicamente age para fazer com que sua esposa acredite estar confusa.
A forma de gaslaitear que estou apontando nem sempre é premeditada ou intencional, o que a torna pior, pois significa que todos nós, especialmente as mulheres, já tiveram que lidar com isso em algum momento.
Aqueles que gaslaiteaim criam reações – seja raiva, frustração, tristeza – na pessoa com quem estão interagindo. Então, quando essa pessoa reage, o gaslaiteador a faz sentir desconfortável e insegura por agir como se seus sentimentos fossem irracionais ou anormais.
* * *
Minha amiga Anna (todos os nomes trocados por questão de privacidade, claro) é casada com um homem que sente a necessidade de fazer observações não solicitadas e aleatórias sobre seu peso.
Sempre que ela fica brava ou frustrada com seus comentários insensíveis, ele responde da mesma maneira defensiva, “Você é tão sensível, estou só brincando”.
Minha amiga Abbie trabalha para um homem que, quase todos os dias, acha um jeito de criticá-la, assim como a qualidade de seu trabalho. Observações como “Você não consegue fazer algo direito?” ou “Por que fui te contratar?” são comuns para ela. Seu chefe não tem dificuldade em demitir pessoas (o que faz regularmente), então seria difícil pensar, baseado nesses comentários, que Abbie trabalha pra ele há seis anos.
Mas toda vez que ela se posiciona e diz “Não me ajuda em nada quando você diz essas coisas”, ela recebe a mesma resposta:
“Relaxa, você está exagerando.”
É muito mais fácil manipular emocionalmente alguém que foi condicionado por nossa sociedade para tal. Nós continuamos a impor isso sobre as mulheres pelo simples fato de que elas não recusam nossos fardos. É a covardice suprema.
Abbie pensa que seu chefe está apenas sendo um babaca nesses momentos, mas a verdade é que ele está fazendo esses comentários para induzí-la a achar que suas reações não fazem sentido. E é exatamente esse tipo de manipulação que a faz sentir culpada por ser sensível e, como resultado, se recusar a deixar seu emprego.
Mas gaslaitear pode ser tão simples quanto alguém sorrindo e dizendo, “Você é tão sensível”, para outra pessoa. Tal comentário pode soar inócuo, mas naquele contexto a pessoa está emitindo um julgamento sobre como a outra deveria se sentir.
Mesmo que lidar com gaslaitear não seja uma verdade universal para todas as mulheres, nós certamente conhecemos muitas delas que enfrentam isso no trabalho, em casa ou em seus relacionamentos.
E o ato de gaslaitear não afeta só mulheres inseguras. Até mesmo mulheres assertivas e confiantes estão vulneráveis. Por que?
Porque as mulheres suportam o peso da nossa neurose. É muito mais fácil para nós colocar nossos fardos emocionais nos ombros de nossas esposas, amigas, namoradas e empregadas, do que é impô-los nos ombros dos homens.
Quer gaslaitear seja consciente ou não, produz o mesmo resultado: torna algumas mulheres emocionalmente mudas.
Essas mulheres não conseguem expressar com clareza para seus esposos que o que é dito ou feito a elas as machuca. Elas não conseguem dizer a seus chefes que esse comportamento é desrespeitoso e as impede de trabalhar melhor. Elas não conseguem dizer a seus parentes que, quando eles são críticos, estão fazendo mais mal do que bem.
Quando essas mulheres recebem qualquer tipo de reprimenda por suas reações, tendem a deixar passar, pensando, “Esqueça, tá tudo bem.”
Esse “esqueça” não significa apenas deixar um pensamento de lado, é ignorar a si mesma. Me parte o coração.
Não é de se admirar que algumas mulheres sejam inconscientemente passivas agressivas ao expressarem raiva, tristeza ou frustração. Por anos, têm se sujeitado a tanto abuso que nem conseguem mais se expressar de um modo que seja autêntico para elas.
Elas dizem “sinto muito” antes de darem sua opinião. Em um email ou mensagem de texto, colocam uma carinha feliz ao lado de uma questão ou preocupação séria, de modo a reduzir o impacto de expressarem seus verdadeiros sentimentos.
Você sabe como é: “Você está atrasado :) ”
Essas são as mesmas mulheres que seguem em relacionamentos dos quais deveriam sair, que não seguem seus sonhos, que desistem da vida que gostariam de viver.
"x
“Aqui está tudo que precisa saber sobre homens e mulheres: mulheres são loucas, homens são estúpidos. E a principal razão pela qual as mulheres são loucas é porque os homens são estúpidos.” – George Carlin
* * *
Desde que embarquei nessa auto-exploração feminista na minha vida e nas vidas das mulheres que conheço, esse conceito das mulheres como “loucas” tem de fato emergido como uma séria questão na sociedade e igualmente uma grande frustração para as mulheres em minha vida, de modo geral.
Desde o modo com que as mulheres são retratadas em reality shows a como nós condicionamos meninos e meninas a verem as mulheres, acabamos aceitando a ideia de que as mulheres são desequilibradas, indivíduos irracionais, especialmente em momentos de raiva e frustração.
Outro dia mesmo, em um vôo de São Francisco para Los Angeles, uma aeromoça que acabou me reconhecendo de outras viagens perguntou qual era minha profissão. Quando disse a ela que escrevo principalmente sobre mulheres, ela logo riu e perguntou, “Oh, sobre como somos malucas?”.
Sua reação instintiva ao meu trabalho me deixou um bocado deprimido. Apesar de ter respondido como uma brincadeira, a pergunta dela não deixa de apontar um padrão sexista que atravessa todas as facetas da sociedade, sobre como homens veem as mulheres, o que impacta enormente como as mulheres enxergam a si mesmas.
Até onde sei, a epidemia de gaslaitear é parte da luta contra os obstáculos da desigualdade que as mulheres enfrentam. Gaslaitear rouba sua ferramenta mais forte: sua voz. Isso é algo que fazemos com elas todos dias, de diferentes modos.
Não acho que essa ideia de que as mulheres são “loucas” está baseada em algum tipo de conspiração massiva. Na verdade, acredito que está conectada à lenta e firme batida das mulheres sendo minadas e postas de lado, diariamente. E gaslaitear é uma das muitas razões pelas quais estamos lidando com essa construção pública das mulheres como “loucas”.
Reconheço ter gaslaiteado minhas amigas no passado (mas nunca os amigos – surpresa, surpresa). É vergonhoso, mas fico feliz em ter me dado conta disso e cessado de agir dessa maneira.
Mesmo tomando responsabilidade por meus atos, acredito sim que, junto com outros homens, sou um produto de nosso condicionamento. E que ele nos dificulta admitir culpa e expor qualquer tipo de emoção.
Quando somos desencorajados de expressar nossas emoções em nossa infância e adolescência, isso faz com que muitos de nós sigam firmes em sua recusa de expressar arrependimento quando vemos alguém sofrendo por conta de nossas ações.
Quando estava escrevendo esse artigo, me lembrei de uma de minhas falas favoritas de Gloria Steinem:
“O primeiro problema para todos nós, homens e mulheres, não é aprender; mas sim desaprender.”
Então, para muitos de nós, o assunto é primeiro desaprender como usar essas lâmpadas de gás (referência à origem do termo gaslighting/gaslaitear) e entender os sentimentos, opiniões e posições das mulheres em nossas vidas.
Pois a questão de gaslaitear não seria, em última instância, sobre nosso condicionamento em acreditar que as opiniões das mulheres não têm tanto peso quanto as nossas? Que o que elas têm a dizer e o que sentem não é tão legítimo quanto o que nós dizemos e sentimos?
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