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Tema: Artigos
3 vilões dos relacionamentos: Carência - apego - jogos de poder
Nascemos desprotegidos, vulneráveis, passivos e carentes. Dependendo de como essa vida foi levada à diante essa é a fórmula perfeita para um desastre a longo prazo.
Somos seres necessitados! Necessitamos de água, comida, sol, pessoas, amor, lazer, trabalho, sexo, crescimento e sentido de vida. Buscamos atender nossas necessidades a todo momento.
A maneira que atendemos as necessidades determina o modo como viveremos pela vida toda. Podemos cultivar uma mente insaciável, voraz e exigente em relação às vontades.
A fome é uma necessidade básica, isso não quer dizer que você deva atendê-la sem critério, direcionamento e parada. Para atendê-la você pode escolher um cardápio saudável, preparar sua comida, convidar alguém para compartilhar do alimento e se saciar com uma quantidade razoável.
Mas além da fome queremos matar a carência.
A origem
A carência é uma ilusão emocional que criamos na tentativa de compensar uma “falta” que tivemos ao longo da vida. Atribuimos essa falta aos pais. Lamentamos que eles não deram tudo aquilo que gostaríamos.
Para o insatisfeito sempre houve menos amor, atenção, tempo e incentivo do que gostaria. Carência emocional é essa reivindicação não atendida dos pais.
Se parasse por aí seria bom, o problema é que continuamos a exigir atenção exclusiva, intensa e constante de tudo o que transita ao nosso redor.
Bebemos agua do mar e quanto mais bebemos maior a sede.
Exigimos algo de outra ordem que nada tem a ver com o momento presente.
Escravidão
O carente é escravo de receber. Só receber.
A pessoa carente entra numa relação amorosa esperando receber do outro tudo aquilo que fantasia merecer. Sente-se no direito de ser recompensada por cada gesto, afago ou elogio que dá. Na realidade é uma falsa doadora, espera receber na mesma moeda e com juros.
A pessoa carente se mostra frágil e dependente de atenção e provoca a sensação de que por mais que receba nada basta ou é suficiente.
No relacionamento amoroso
Essa base de relação é a maior causa de desastres emocionais, pois a carência é mãe do ciúmes, da inveja, das exigências sem sentido, das brigas por atenção exclusiva, do tédio e do sentimento de insuficiência de uma relação.
Depois de um tempo de relacionamento nada que o outro faça é o suficiente, o nível de exigência vai aumentando e criando uma demanda insustentável. O carente exige mais e mais, votos de compromisso, lealdade, integridade, exclusividade e tentar manter a pessoa amada numa redoma de vidro.
O carente faz isso nos relacionamentos e na vida, pois nem percebe que sempre está tentando cativar a atenção dos outros.
Pessoas exibidas são carentes, os barraqueiros igualmente, os pegajosos já são conhecidos, mas as pessoas frias também (quanto maior a carência maior a proteção numa casca de autossuficiência).
Maneira que vê o mundo
A pessoa carente sempre tem um pensamento de escassez. Tudo pode acabar a qualquer momento, está sempre mesquinhando emoções. Grita em seus pensamentos que algo desastroso vai acontecer. Por isso pode se transformar em possessiva daqueles que agarram você de fato e aqueles que usam de artimanhas emocionais para manter você numa teia psicológica.
O que seria uma pessoa não carente?
Seria alguém que não responsabiliza alguém ou uma situação para abastecer suas necessidades. Ao inves de pedir ou receber algo ela possibilita experiências em conjunto. Sabe que a vida não acontece quando você recebe mas quando você possibilita um espaço em que algo produtivo aconteça. A pessoa não-carente proporciona um espaço como alguém que abre uma roda de dança para que cada um se manifeste livre, sem exigências, pressão ou formato definido.
A base da não-carência é a generosidade desprendida. Se quer deixar de ser carente ofereça algo de si para alguém livre dos resultados.
Essa série de 3 posts tem o objetivo de falar de 3 vilões de relacionamentos amorosos. Amanhã falarei sobre o apego e depois sobre o poder.
3 vilões dos relacionamentos : Apego
Falei sobre a carência e como ela corroi os relacionamento
O apego nasce do desejo de que as coisas fiquem sobre nosso controle. É uma vontade de que tudo permaneça imóvel, como está, sem alterações ou movimentos imprevisíveis.
Origem
Há um processo natural de desmame que a criança vai lentamente se desapegando do corpo da mãe e criando a representação psíquica dela.
Depois a criança usa o paninho, o travesseiro e começa a se relacionar com o mundode forma ampla expandindo o símbolo da mãe.
No entanto, esse desmane pode não acontecer de forma tão saudável quanto gostaríamos, normalmente não é. No meio do caminho acontecem falhas mais graves, ações menos intensas, descuidos e acidentes.
A capacidade da criança de se desligar de algo com segurança fica abalada.Essa repercussão pode se arrastar por uma vida inteira.
O apego é inabilidade de deixar que o fluxo natural da vida aconteça.
Desafio
Faça um exercício: você seria capaz de partir agora mesmo e ir para um lugar absolutamente estranho?
Esse pequeno treino mental é o suficiente para você identificar no que é apegado.
A segurança que buscamos em nossas emoções direciona a qualidade da vida que levaremos. Quanto maior a sede por segurança, estabilidade e previsibilidade maior o nível de sofrimento [leia mais].
Nos relacionamentos
Quando você se apega à pessoa que ama, na realidade está apegado ao conforto que a presença dela causa em você. Você está condicionado à sensação de constância e continuidade que a imagem da pessoa amada provoca. Quando ela muda algum comportamento habitual ou rompe a relação a grande ferida é naquele tecido sutil que compõe nosso psiquismo.
O desespero de um rompimento é por conta da quebra interna da segurança que investimos por muito tempo.
“Eu não vivo sem ele!”
Essa frase já revela um engano crucial. A pessoa já vivia sem ele, antes que o encontrasse, vai sobreviver depois. O que ela não vive é sem a sensação de aparente segurança e poder que o apego provoca.
Ela precisa ampliar o direcionamento de seus interesses para além da fixação que criou em torno de uma pessoa. É um processo que parece doloroso exatamente pelo vício emocional da pessoa apegada.
Na vida
O apego é a resistência à mudança e vida é movimento contínuo. O apego é uma postura psicológica que impede a vida de prosseguir. A pessoa apegada tenta interromper o fluxo natural dos acontecimentos tentando impedir que o tempo passe, as coisas se alterem e as pessoas mudem.
A pessoa apegada de tão possessiva nem percebe que ela própria está privada de liberdade.
O apego é a ansia por congelar a realidade, manter cada coisa como se fosse a mesma. Mas como paralisar pensamentos, sentimentos e pessoas para que não mude? Como deter a passagem do tempo incessantemente?
Mudança
O não-apego é um treino mental continuado. Algumas pessoas confundem desapego com não-envolvimento. Para se desapegar é necessário o envolvimento. No entanto, para evitar a sensação de colapso de seu sentimento de estabilidade a pessoa evita qualquer tipo de envolvimento. A frieza emocional não poupa ninguém, apenas adia o problema. A pessoa fria está apegada na imagem de desapego, é só uma outra forma de fixação mental.
Exercício
Faça um exercício mental diário. Se desfaça de pequenas ideias que você acha que definem você. Questione suas caraterísticas mais singulares? Reflita sobre como seria ter uma outra realidade que não essa. Faça um treino para a morte, o desapego final! Pense na sua vida cabendo em apenas uma mala de viagem, o que colocaria ali?
Essa série de 3 posts tem o objetivo de falar de 3 vilões de relacionamentos amorosos. Ontem falei de carência, amanhã falarei sobre o poder.
3 vilões dos relacionamentos: Jogos de poder – 3 de 3
“Onde o amor impera, não há desejo de poder; e onde o poder predomina, há falta deamor. Um é a sombra do outro.” – Carl Gustav Jung
Nascemos submetidos pelos adultos e morremos submetidos pelo corpo cansado.
Entre um evento e outro brigamos por submeter algo ou alguém. É assim que a vida acontece.
Não gostamos de admitir, mas a verdade é que o poder nos fascina.
O poder enquanto relação de hierarquia sempre está presente, goste ou não.
Sempre haverá alguém mais culto, inteligente, bonito, simpático, esperto e sociável que você. A voz de comando sempre pertece àquele que domina uma habilidade ou tem um atributo valorizado socialmente.
Mesmo quando uma pessoa abdica de algum poder ela busca o poder de saber que não se submete.
Relacionamento amoroso
Existe um tecido delicado de forças num relacionamento amoroso. Enquanto há recompensa de poder a relação perdura. É como se houvesse uma balança que equilibra os créditos e os débitos emocionais.
Se você sente que fez algo para o relacionamento de modo “desinteressado” inconscientemente está em crédito emocional. Quando a pessoa retribui essa balança se equilibra de novo.
Uma mulher que se submete a um marido alcóolatra por muitos anos certamente sente o poder de ser alguém que luta pela família. É comum as esposas de ex-alcoolistas adotarem uma postura maternal com outras pessoas que não o marido. É um prazer secreto por se sentir superior ao marido “bebum”.
Mesmo quando submetida a pessoa busca o poder na sensação de resistência e lealdade àlguma causa.
Os disfarces de poder
A sensação de muitas pessoas boas pode ser fruto de uma sede de poder. Querem ser as mais caridosas a ponto de recusarem elogios e se assumirem incapazes de tanto. O poder de ser moralmente superior. É comum os bondosos permanecerem ressentidos daquilo que tem que abrir mão em favor do bem.
As mentiras que contamos diariamente são tentativas de sustentar nossa sede de poder. Mentimos para simular um bem-estar e boas relações com o intuito de ficar por cima.
Traduzo autoestima como o desejo de se sentir importante aos olhos dos outros. Quem sente a baixa autoestima é porque não conseguiu se sentir importante para alguém.
As amizades podem ser palcos para disputa de poder. Alguém da turma é sempre elegido como a vítima e os demais seguem o macho alfa.
Os meios
O sexo costuma ser uma barganha utilizada pela mulher para controlar os homens. [poder feminino] Alguns homens usam o dinheiro para dominar suas mulheres. Os calmos se sentem superiores aos estourados. Os espertos se sentem mais importantes do que são.
A questão é que o relacionamento amoro será um palco de competição. É um comércio de amor. Um tentando dominar as vontades do outro. É nesse jogo que a maior parte dos relacionamentos estaciona.
Disputam atenção, risos, convites, olhares e admirações que trazem aquela sensação de bem-estar.
Brigas de casal
Veja como isso é desastroso numa relação amorosa, pois ao sustentar o poder pessoal o casal perde a medida do compartilhamento. Inconscientemente vêem o parceiro como um oponente, alguém que atrapalha sua felicidade. Mais brigas.
Já notou numa discussão que ambos querem ter a razão? Não é a razão ou respeito que buscam, mas a posição de superioridade.
As brigas são resultados dessas disputas de poder. O casal com o tempo fica testando um ao outro em sua capacidade de amor. Quem demonstra mais está por cima e o outro vai ficando amorosamente humilhado. Para recuperar a sensação de poder aquele que está por “baixo” pode reconhecer com gratidão aquilo que recebeu ou pode atacar o outro a fim de que desça também. O ciclo é interminável.
Términos de relacionamento
Quem é deixado perde o poder, quem deixa ganha. Quem foi deixado dirá muitas coisas para superar sua queda. Tentará encontrar mil explicações para amenizar a sensação terrível de ouvir “não gosto mais de você!”. E novamente entará superar (tradução = ficar por cima) o término do relacionamento.
O que nos causa dor é ter a sensação do ego massacrado e sem perspectivas de algo mudar.
Por essa razão é tão difícil assumir que perdeu um relacionamento.
A recusa do poder
Para quebrar esse ciclo é essencial meditar sobre o quanto de autoimportância você quer dar numa relação. Você quer ser feliz com alguém ou provar que ninguém domina você? Quer ter o controle ou ser surpreendido pela vida? O amor, enquanto abertura para novas movimentações emocionais, fica bloqueado quando poder entra em ação, daí a dificuldade de pessoas dominadores permanecerem por muito tempo num relacionamento.
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